sexta-feira, 29 de julho de 2016

O que fazer quando tudo ao redor parece estar errado?

Essa não é uma daquelas perguntas que são respondidas no decorrer do post. Eu realmente queria saber o que fazer nesse momento da minha vida. Tenho 23 anos, faço um curso medíocre que não gosto (mas não odeio) e chego a sentir náuseas só de pensar em como vai ser minha vida depois que eu me formar. Lentamente, estou deixando de ser considerado o menininho novo, inexperiente e sem muitas obrigações, que tem a vida inteira pela frente e o mundo para conquistar, e estou me tornando um homem indesejado, pesado, sendo cobrado, cada vez mais triste e sentindo cada vez mais ódio (de mim mesmo e dos outros). Me deixa puto da vida ver o oceano de fingimento, puxação de saco e corporativismo que o mundo moderno e urbano se tornou. Poucos minutos "scrollando" pelo facebook são suficientes pra me deixar em frangalhos, com um nó na garganta. Só vejo mediocridade, burrice, superficialidade, pessoas com ego doente. Gente visivelmente tentando parecer melhor do que é, forçando opiniões que não tem só pra parecer cool e na moda. Vai tomar no cu. Vai fazer pose pra foto com carinha de descolado no quinto dos infernos. Vai se achar especial por assistir Game of Thrones na casa do caralho. Ninguém é especial, e o fato de ninguém perceber algo tão simples me deixa maluco. Não tenho paciência pra mais nada, qualquer coisa me deixa puto da cara. Sinto que minha hora nesse mundo já passou.

Eu sei exatamente o que eu preciso fazer pra me "dar bem" no sentido financeiro. Fingir bastante, sorrir pras pessoas certas, ser manipulador, puxar saco, fingir ser o bonzinho e dedicado ao trabalho e à empresa. Pronto. Duvida de mim? Depois que você amadurecer mais um pouco, vai conseguir perceber como é o perfil de quem manda e qual é o perfil de quem é empregado. Pra crescer profissionalmente, você PRECISA ser canalha, puxar o tapete dos outros na cara de pau, fazer fofocas com as pessoas certas. Aham, tá bom então nenêzinho inocente, vai acreditando que tem como chegar a algum lugar apenas no seu canto, sem fazer muito barulho, sendo humilde e honesto 100% do tempo. Aham.

O problema é que, por algum motivo, eu me sinto muito mal e consumido só de pensar em começar a jogar esse joguinho doentio. Vou contar uma história pra vocês:

Recentemente, foi oferecido à mim duas vagas para fazer estágios. O pior é que a pessoa que me deu essa "chance" trata os estágios como se fossem pedras preciosas raríssimas, e que todo aluno tem a obrigação de aceitar imediatamente e agradecer eternamente por essa chance de ouro. Acordar 6h da manhã todos os dias, entrar em um ônibus encardido repleto de bactérias e pessoas fedorentas, sentar na frente de um computador, ficar digitando coisas inúteis, sair na rua pra fazer reportagens esdrúxulas com pessoas mal-sucedidas, levar encaradas e esporros humilhantes do chefe (na frente dos outros estagiários), sofrer terrores psicológicos, ser ameaçado diariamente de perder o estágio (afinal TODOS os outros imundos do curso estão babando pela sua vaga no estágio), para no final do mês ganhar um salário mínimo e um vale-transporte. Uau, muito obrigado senhor diretor de jornalismo que ganha 15 mil reais por mês, o senhor é muito generoso em me oferecer essa maravilha de vaga. Vá a merda. Esse cara que me ofereceu os estágios não seria meu superior imediato no estágio (o cara que está sempre no seu cangote), pois lá (se não me engano) ele é diretor geral. O cara que lida e manda nos estagiários (e seria meu chefe) é o diretor de jornalismo. Esse é pior ainda. Um gordinho extremamente mala e CASADO. Você sabe o que isso significa?

Vivemos atualmente no auge da degeneração humana. Auge do feminismo e da completa castração moral do homem (travestida de igualdade, é claro). Eu já saquei qual é a desse gordinho (que seria meu chefe): o típico casadão trouxa, que é mandado e desmandado pela mulher, e só serve como talão de cheques ambulante pra "patroa" fazer o que quiser com o dinheiro. Meu deus do céu, e ainda tem cara que aparece EM REDE NACIONAL falando isso com orgulho, que "a mulher é quem manda na casa". Cadê suas bolas seu mongolão gordo comedor de carboidrato. Enfim, o cara ainda tem um filho pequeno. Imagina o quanto esse cara considera importante o empreguinho dele numa tv universitária numa cidade do interior (hauhauhauhauha). Nessa altura do campeonato, ele já deve ter entendido (ao menos parcialmente) a roubada em que se meteu ao casar e engravidar uma mulher moderna. Para a maioria dos casados, o emprego significa uma válvula de escape, literalmente uma fuga de sua família. Por mais triste que isso possa parecer, é verdade. O cara já não aguenta mais a vida de casado e vai buscar paz e distração em outras coisas, e é aí que ele acaba virando um viciado no trabalho, ou um alcoólatra, ou um viciado em jogos de azar, ou viciado em futebol, ou viciado em religião. Tem um cara na minha classe cuja vida se baseia em falar de futebol. Parece que o cara tem tanto medo de encarar a realidade que se cerca de informações inúteis, como placares de jogos, datas de títulos, novos jogadores contratados, picuinhas e fofoquinhas. Caralho seu ANIMAL, como você pode se sentir bem sabendo que sua existência nesse planeta é baseada em torcer para que uma empresa (sim, um time de futebol não passa de uma empresa) ganhe mais e mais dinheiro ao vencer outras empresas? A mesma coisa pros idiotas que ficam discutindo qual marca de computador é melhor, ou qual videogame é melhor. Dããã, ps4 é superior ao xbox one dããããã. Cala a boca antes que eu te dê um safanão nos dentes.

Fato é que, em muitos casos, o cara acaba virando um workaholic. Ele se dedica ao trabalho até mesmo quando não está na jornada diária de trabalho, e isso afeta negativamente os empregados. Sem falar que ele sabe que, se perder esse emprego, sua esposinha e seu filhinho ficarão sem sustento. Então, sua amada mulher, que jurou amor eterno à ele, o largaria sem pensar duas vezes. Isso significa que, se eu aceitasse esse estágio, eu teria um chefe me ligando e mandando e-mails desprezíveis até mesmo nos finais de semana. Isso significa que ele me pediria pra ficar no trabalho até depois do horário normal. Isso significa que ele exigiria de mim o talento do William Bonner, caso contrário me faria ameaças e sermões com direito a cara feia e humilhação perto dos outros estagiários. Isso significa que eu teria que aguentar o bafo nojento dele de café + merda na minha cara sem poder fazer nada. A pior coisa que pode acontecer é ter um chefe casado. Há alguns séculos, quando o mundo ainda fazia algum resquício de sentido, antes dessa loucura pós-revolução industrial que o mundo se tornou, esse gordinho não seria chefe de NADA. No mundo real ele não teria a mínima chance. Ele não teria o direito de mandar, gritar, ameaçar, aterrorizar e dar sermão em nenhum ser humano, caso contrário, seria espancado. Em um mundo justo, ele teria que viver de acordo com o que ele realmente é: um gordinho fisicamente incapaz. Mas tive o azar de nascer logo no final do século XX.

Agora, no início da minha vida adulta, estou vivendo e presenciando o AUGE dessa loucura urbana. Por algum motivo maluco, se eu quiser fazer esse estágio, eu vou ser obrigado a me submeter à essas humilhações feitas por um cara fisicamente inferior à mim. Se você, queridinho da mamãe, acha que o mundo é repleto de amiguinhos, e todos são exatamente iguais com as mesmas capacidades e as mesmas chances, cai na real. Algumas pessoas são MELHORES que as outras. O conceito de melhor e pior é muito objetivo e muito fácil de ser entendido, mas MESMO ASSIM a modernidade conseguiu emburrecer tanto as pessoas que elas não entendem mais nada. O Messi consegue entrar num estádio lotado e decidir uma partida da champions league; eu, não. Logo, o Messi é MELHOR que eu no futebol. O Usain Bolt consegue chegar na olimpíada e correr rápido pra caralho e bater todos os recordes mundiais nos 100 metros rasos; eu, não. Logo, ele é MELHOR que eu. Eu consigo nocautear esse gordinho e fazer ele defecar nas calças com apenas um soco. Logo, sou fisicamente melhor que ele. Esquece essa ladainha de ''não existe melhor nem pior, apenas diferente". Esse papo é enfiado na cabeça das pessoas justamente pra elas aceitarem que são medíocres e ficarem bem consigo mesmas, ao invés de ficarem deprimidas como eu estou agora. Após alguns dias pensando, cheguei à conclusão de que eu não aguentaria trabalhar numa posição hierárquica inferior à desse cara. Recusei.

A outra vaga de estágio também é em uma TV, só que não é universitária, é uma tv ''de verdade''. Essa fica perto da minha casa, o suficiente pra ir caminhando sem dificuldades. Não ter que pegar ônibus faz uma grande diferença pra minha saúde mental. Toda vez que ando de ônibus, sinto minhas energias vitais sendo sugadas por aquela máquina de pobreza e tristeza. Não há felicidade dentro de um ônibus. Você ainda acha que a vida é feliz e eu que sou o pessimista maluco? Entra num ônibus as 6 da manhã e você vai presenciar o quão boa é a vida. Enfim, nessa outra TV, meu chefe seria o próprio cara que me ofereceu as duas vagas. Esse não é casado e parece ver futuro em mim e no meu "talento" (que ele ingenuamente acha que tenho). Já trabalhei lá outra vez, em 2014, e não foi tão ruim assim. O foda é que lá o pagamento é uma bolsa integral na faculdade. Quem paga minha faculdade é minha mãe, então pra mim não faria diferença financeira alguma. A única parte boa é que, se eu ganhar essa bolsa integral e pagar minha própria faculdade, minha mãe vai me encher menos o saco e ficar mais compreensiva. Caso você não tenha entendido ainda, o que eu tinha que pensar (e pesar) era o seguinte:

O que é melhor?

a) Paz profissional e caos em casa. Continuar desempregado, apenas estudando, porém recebendo violentas agressões verbais da minha mãe, jogando na minha cara que ela tem que pagar minha faculdade (sendo que quem pagou a faculdade dela por completo foi meu avô, o papaizinho rico dela);

b) Paz em casa e caos profissional. Ser infeliz no estágio e aguentar 5h de tortura por dia, pagar minha própria faculdade e deixar minha mãe feliz e orgulhosa em relação a mim.

De qualquer maneira eu serei oprimido e triste. Mas após alguns dias de reflexão, acabei aceitando o estágio. Afinal são só 5 horas por dia e dá pra levar com a barriga, no "piloto automático", e ainda é perto de casa. E a convivência com minha mãe ficaria bem melhor e eu poderia ao menos relaxar nos fins de semana.

Enfim, esse não era o ponto principal do post, me alonguei demais nessa merda de assunto de estágio. A verdade é que eu cansei dessa porra toda. Não aguento mais gente se achando relevante, sem a mínima vergonha de sair dando opiniões por aí, mesmo que seja uma burrice foda.

Eu quase nunca falo esse tipo de coisa na vida real. Primeiro porque eu tenho preguiça de discutir qualquer coisa e não gosto de sair dando opinião pra gente imbecil. Segundo porque a maior parte da população é medíocre e esse meu pensamento acaba ofendendo justamente essa parcela (não porque minha ideia é ofensiva, e sim porque as pessoas não se consideram medíocres e ficam ofendidinhas). Nas raras vezes que eu tenho uma conversa sobre esse tema, as pessoas variam entre dois tipos de respostas:

1) Os "jênios" que usam a agressividade pra demonstrar suas brilhantes conclusões. Esses me dão muita raiva, pois deixam subentendido que eles são muito inteligentes e astutos ao concluir coisas óbvias, dignas de uma criança de 5 anos. Parece que o desgraçado quer uma medalha por ter pensado algo tão brilhante como "Dãã então por que você não se mata?" "Isso é papo de covarde hahaha". Quero ver falar hahaha quando eu te enterrar vivo, seu merda. Pare de ser irônico, bichona. Cometer suicídio envolve coisas complexas demais pro seu cérebro simplório de bonobo medíocre compreender. Ao dizer que "é coisa de covarde" você só prova que é tão burro e vazio quanto parece. Cogitar o suicídio e encarar a realidade como ela realmente é e agir a partir disso não é ser covarde, muito pelo contrário. Covarde é quem vive como um escravo e finge que é feliz, se rodeando de ilusão. Falando de timinho de futebol, ver filminho no cineminha, baladinha, joguinho, namoradinha, "ain zente vamos ver Procurando Dori"? Cale essa matraca antes que eu perca a paciência.

Eu perdendo a vontade de viver ao ouvir gente burra argumentando

2) As pessoas mais educadas e positivas, mas igualmente cegas. Geralmente são religiosas. "Nossa, você é muito pra baixo. Precisa sorrir mais" "Seja mais positivo e as coisas vão dar certo" "Você está assim porque falta deus no seu coração". Traduzindo: "Sofra calado e encha sua vida de futilidades, dessa maneira você não vai perceber a roubada que é sua vida". Foda-se você e seu otimismo de meia tigela. Não é porque você consegue se contentar com sua vida rasteira que eu sou obrigado a fazer o mesmo. Vai lá pro seu divertidíssimo culto de domingo ouvir palavras confortantes do pastor, e depois coma bastante cachorro quente com refrigerante na lanchonete perto da igreja. Aos 30 anos você será um grandessíssimo gordo diabético de classe média-baixa e eu estarei forte e rasgado desfrutando de jovens mulheres de 20 anos no meu iate (brincadeira, estarei infeliz enfiado em alguma redação de tv, alcoólatra e/ou viciado em drogas e completamente sozinho no mundo).

Minhas aulas voltam no dia 01 de Agosto, e o estágio deve começar em Agosto também. Enquanto a rotina infernal não volta, estou passando os dias deitado sem fazer nada, aproveitando o máximo que posso antes de ser começar a ser explorado novamente. Vou tentar postar com mais frequência aqui no blog.

Até a próxima :-)

domingo, 3 de julho de 2016

REFLEXÃO SOBRE A TEMPORALIDADE DAS COISAS.

Um conhecido foi assassinado ontem por um animal bostileiro aleatório. O cara chegou de bicicleta pra assaltar e deu um tiro no peito desse conhecido logo após roubar a carteira dele. Esse cara não era meu amigo, não era meu conterrâneo, e eu nem tinha sequer falado com ele alguma vez na vida. Era amigo de amigo, conhecido de facebook.

Mesmo não tendo sentimento algum por ele, essas coisas fazem a gente parar pra pensar no quanto as coisas são líquidas e acabam num instante. A única realidade a qual fomos apresentados - e a maioria das pessoas se apega muito à essa realidade, sem considerar que vai acabar logo logo - pode acabar com o movimento do dedo indicador de um sub-humano com QI comparável ao de um orangotango. Esse pensamento (de que tudo vai acabar logo logo e nada deve ser levado tão a sério) deveria ser o padrão, mas não é. Aliás, nós fazemos exatamente o contrário: vivemos e ensinamos os mais novos a viver IGNORANDO esse fato, como se todos esforços insanos que fazemos fossem valer a pena algum dia.

Isso não me deixou triste nem revoltado; só reflexivo. Reconhecer a real natureza da vida (morte e esquecimento) te deixa num estado meio zumbi, sem a capacidade de sentir revolta ou felicidade com qualquer outra coisa.

O que aconteceu com ele foi só uma versão exagerada e precoce do que vai acontecer com todas as pessoas que estão vivas ou que ainda vão nascer algum dia.

É por essas e outras que eu não consigo levar nada muito a sério. Não há sentido. Só existe um incompreensível e vasto emaranhado de átomos se comportando de maneiras diferentes. É tudo matéria e energia sendo jogada de um lado pro outro por forças cuja origem nós não entendemos (apesar de darmos nomes e tentarmos explicar sua forma de agir).

E mesmo assim, ao ligar a TV ou algum portal grande de internet, somos bombardeados com histórias de prodígios que passam em 200 faculdades diferentes com nota máxima. O que passa na cabeça desses caras que abrem mão da juventude para enfiarem a cara em livros, transformarem a si mesmos em robôs repetidores de teorias, pra depois passarem 40 anos ENFIADOS em escritórios repetindo a mesma tarefa, dia após dia, ano após ano. Está certo que temos que comer e ter um teto pra morar, mas aí já é demais. Pra que isso tudo? Pra se aposentar com 65 anos e ir ''curtir a vida'' em algum lugar turístico clichê?? Prefiro viver na inércia e na mediocridade, do jeito menos doloroso possível, esperando o tão esperado dia chegar.

Aproveito para citar um trecho do excelente livro "A Religião Proibida", que vem a calhar nessa situação.

"Este mundo não é bom, sem dúvida alguma. Os animais tem que digladiar entre si, destroçarem-se, para poder comer e sobreviver. Os seres humanos necessitam enganar uns aos outros em todas as ordens da vida, para superarem-se, para competir, para sobreviver melhor. Os animais herbívoros necessitam destroçar plantas, que são seres vivos também. Tudo se autodestrói e destrói aos demais constantemente. E existem aqueles que chamam isto de “perfeição” ou “equilíbrio perfeito”. Incrível. Isto é o inferno. Não é um sistema perfeito e muito menos, bom. É um sistema em que cada um deve destruir ao outro para poder sobreviver. Este é o sistema criado, este é o mundo criado por um “ser superior”: o deus criador ou demiurgo."

Post pequeno contando um caso recente, só pra tirar as teias de aranha do blog. Eu sei que foi um fracasso e uma péssima ideia ter criado isso, mas daqui pra frente vou tentar postar com mais frequência. Direto eu tenho alguma ideia pra postar aqui mas minha preguiça me consome, sem falar no pensamento de que meu post inútil não vai mudar nada. Mas é isso aí caras.

Até mais =)